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Fiscalização

Ritmo lento pode atrasar impacto positivo da vacinação contra Covid-19 em Minas

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Como basicamente qualquer aspecto da pandemia de Covid-19 no Brasil, o Plano Nacional de Imunização (PNI) é perpassado pela desigualdade econômica entre os Estados. A distribuição de vacinas para cada região segue, em princípio, a proporção de pessoas de cada grupo prioritário que reside no local.

Os Estados mais ricos, como Minas Gerais, tendem a ter uma população prioritária maior, por isso também devem sentir os impactos positivos da vacinação mais rapidamente, caso ela seja agilizada — “vantagem” que será atrasada se a aplicação das doses recebidas demorar.

“Os Estados mais ricos devem começar a sentir antes os efeitos da vacinação, considerando que não surjam variantes que piorem a situação. O Rio Grande do Sul, que tem o maior grupo prioritário, vai sentir um impacto maior e antes dos demais, porque, quando o Ministério da Saúde tiver vacinado todos os grupos prioritários, o Estado terá vacinado 41% da sua população”, diz Marco Brancher, coordenador de análise de dados da ONG Impulso Gov, instituição que calculou os percentuais, e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele pontua que, caso a vacinação em Minas seja lenta, o Estado pode demorar mais a sentir os efeitos positivos da vacinação dos prioritários. .

O efeito da vacinação sobre os indicadores da pandemia depende que os imunizantes sejam efetivamente aplicados — no caso do Rio Grande do Sul, que tem a maior fatia de pessoas no grupo prioritário em relação à população total, quase 68,6% das vacinas recebidas foram aplicadas.

Minas, sexto Estado com maior proporção de pessoas no grupo de prioridades, é o quinto que menos utilizou as doses recebidas, e aplicou 51,6% delas. Estados com PIB consideravelmente menor do que o mineiro, como a Paraíba, também passaram à frente de Minas. Os paraibanos utilizaram 75,1% dos imunizantes que receberam, segundo o Ministério da Saúde.

O governo de Minas admite que a vacinação poderia ser mais ágil e afirma que alguns municípios demoram a buscar as doses, criam estoque de vacina ou não têm atualizado com rapidez o sistema de informação sobre a quantidade de doses que foram utilizadas.

Diferenças históricas

A proporção de pessoas nos grupos prioritários nos Estados mais abastados é estrutural e deve-se a fatores como a expectativa de vida, que tende a ser mais alta nesses locais, o que aumenta a participação dos idosos na população, por exemplo.

A quantidade de pessoas com comorbidades também costuma ser mais elevada onde os serviços de saúde são mais consolidados, já que, em regiões onde os cidadãos têm menos acesso a atendimento, eles podem passar anos sem um diagnóstico preciso, pontua Brancher.

“Estados mais ricos têm mais capacidade de diagnosticar comorbidades, então é possível que Estados mais pobres tenham mais pessoas com comorbidades não diagnosticadas. Esse é o pior dos mundos, porque essas pessoas deveriam ser contabilizadas como grupo prioritário, mas não terão acesso à vacina como deveria”, detalha o pesquisador.

 

A ONG Impulso Gov, que analisa dados sobre saúde em todo o Brasil, fez um trabalho nacional para estimar a população prioritária em cada Estado e chegou à conclusão de que ela pode ser menor do que o Ministério da Saúde previa.

Enquanto a pasta trabalha com 77 milhões de pessoas nesses grupos, a iniciativa calcula que sejam cerca de 73,7 milhões, pois eliminou as duplicidades de informação — uma pessoa pode ser idosa e profissional de saúde ou ser caminhoneira e ter comorbidades simultaneamente.

Minas, sexto Estado com maior proporção de pessoas no grupo de prioridades, possui, em número absolutos, a segunda maior população com mais de 60 anos e o maior contingente de forças de segurança, atrás de São Paulo.

Fonte: por Gabriel Rodrigues – O Tempo

Foto: imagem ilustrativa – Ingrid Vasconcelos/Divulgação Agência Minas

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