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Incógnitas e certezas para 2020

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Num primeiro momento, comunico aos leitores deste Popular, que a retomada dos trabalhos de escrita não se confunde e nem decorre de minha atividade parlamentar. Pelo contrário, estou aqui como professor e cidadão, trazendo um pouco de reflexão sobre a sociedade e as coisas que nos afetam.

Existem possibilidades interpretativas para se decifrar o atual momento vivido pela administração municipal. Vejo de um lado, o grupo que defende a ruptura em definitivo com antigas correntes político-partidárias. De outro, os saudosistas, que diante do estrangulamento do discurso de um novo tempo que, em tese, seria para todos, busca o resgate histórico. Há ainda os indiferentes, que munidos do velho jargão, esbravejam: “trocaram-se apenas as moscas”.

Mas a pergunta que não quer calar: há a perspectiva de uma terceira via?

Sim, meus caros leitores. Terceira. Ou até quarta. Pois aquela que seria a terceira, depois de sua chegada ao poder, transformou-se em segunda ou primeira. O discurso de campanha dos atuais gestores “união: a força da mudança” revela-se na prática como: “mudança: a força da união”.

Digo isso, pois, não somente o discurso, mas o jeito novo de governar, mexendo em estruturas tradicionais e consolidadas, acabou determinando o improvável, que é a possibilidade de união de antigos caciques ou rivais políticos.

Não seria a primeira vez. Na verdade, um lançou o outro na política. E as discordâncias seriam apenas na forma como as políticas são conduzidas ou executadas, pois o projeto desenvolvimentista e assistencialista é o mesmo.

A estratégia de buscar recursos externos para complementar o restrito orçamento é a mesma. Mas quem está no poder hoje é diferente? Talvez não. O pecado é a falta de prestígio. E somado a isso, o estilo centralizador naquilo que era para descentralizar e a descentralização ou confiança irrestrita em terceiros, quando o gestor deveria tomar as rédeas. Pois tem gente incapaz se aventurando por novos caminhos, trocando os pés pelas mãos e deixando o gestor em maus lençóis por inúmeras vezes.

Não tem surtido mais efeito a estratégia de creditar aos ex-gestores os problemas enfrentados pelo município na atualidade. E nem recorrer ao discurso de que o Estado não vem honrando seus compromissos. A superação é a chave para solucionar os problemas. Somente quando os atuais gestores se desprenderem do passado é que a superação para o desenvolvimento do município virá.

O melhor cabo eleitoral da oposição, hoje, é o próprio governo, que faz questão de atiçar e fazer lembrar os nomes daqueles que passaram pela Prefeitura, seja na hora de relativizar algum problema, justificar a sua incidência, ou até mesmo, quando da entrega de uma nova obra ou serviço. Neste último caso, lança-se mão do velho discurso da esquerda: “nunca antes na história deste lugar”.

Mas afinal, existe a chance de um novo caminho? A população estaria disposta a acreditar novamente naqueles que já exerceram, e até com méritos, o poder? Relativizariam os insucessos do presente e apostariam mais uma vez no discurso da mudança?

É preciso analisar com frieza os próximos capítulos, pois ainda que tímida, existe uma parcela da população que confia no surgimento de novos nomes, trazendo consigo um novo conceito de governante, com características comuns a ambas correntes. Trazendo aquilo de valoroso que cada um tem consigo. Afinal, ninguém é tão bom a ponto de não ter defeitos. Ninguém é tão ruim que não possa servir de exemplo para os outros.

Uma terceira ou quarta via pode nascer da heterogeneidade. Mas que venha com transparência e diálogo, pois estas devem ser as palavras de ordem dentro de um novo modelo de gestão. Mas se não vier uma terceira ou quarta via, uma coisa é certeza: elas existem e o lado vencedor será determinado para onde elas penderem.

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