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Implantes no cérebro permitem que homem paraplégico volte a andar

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Paralisado após acidente, Gert-Jan Oskam usa técnica que permite que ele ande novamente - Ecole Polytechnique Federale de Lausanne

Técnica foi desenvolvida na suíça e, embora ainda seja experimental, é considerada muito promissora

Um acidente de moto há 12 anos tornou o holandês Gert-Jan Oskam paraplégico. Agora, implantes eletrônicos cerebrais permitem que ele ande. Isso porque os dispositivos transmitem seus pensamentos sem fio a um implante localizado na coluna dele e ligado às terminações nervosas relacionadas ao ato de andar. Esse mecanismo comanda os músculos de suas pernas e seus pés. Com informações de Itatiaia.

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O sistema, ainda experimental, é considerado “muito promissor”. Oskam diz que a tecnologia mudou sua vida. “Eu me sinto como uma criança aprendendo a andar de novo”, diz, em entrevista à BBC. O paciente também pode ficar em pé e subir escadas. “Foi uma longa jornada, mas agora posso me levantar e tomar uma cerveja com meu amigo. É um prazer de que muitas pessoas não têm ideia.”

A técnica foi desenvolvida por pesquisadores suíços. A neurocirurgiã Jocelyn Bloch, professora da Universidade de Lausanne, na Suíça, aponta que faltam muitos anos para o sistema estar disponível para pacientes com paralisia. Jocelyn foi a responsável pela cirurgia de inserção dos implantes em Oskam.

Segundo ela, a equipe buscava colocar o método em uso o mais rápido possível. “O importante para nós não é apenas realizar um experimento científico, mas eventualmente dar mais acesso a mais pessoas com lesões na medula espinhal que estão acostumadas a ouvir dos médicos que precisam se acostumar com o fato de que nunca mais terão movimentos.”

Como é a cirurgia

A cirurgia para restaurar o movimento de Oskam foi realizada em julho de 2021. Foram feitos dois orifícios circulares de 5 cm de diâmetro em cada lado do seu crânio — acima das regiões do cérebro envolvidas no controle do movimento. Ali, foram inseridos dois implantes em forma de disco que transmitem sinais cerebrais sem fio para dois sensores, instalados em um capacete.

Essas informações são enviadas ao dispositivo inserido na medula espinhal do paciente. A partir de um algoritmo criado pela equipe, os sinais cerebrais são transformados em instruções para mover os músculos dos membros inferiores.

Após algumas semanas de treinamento, Oskam passou a ficar de pé e andar com um andador. Grégoire Courtine, professor da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL) que comandou o projeto, diz que seu movimento é lento, mas suave. “Vê-lo andar tão naturalmente é muito comovente. É uma mudança de paradigma em relação ao que existia antes.”

Anteriormente, Courtine usava apenas o implante espinhal para restaurar o movimento. O método amplificava sinais fracos do cérebro para a área danificada da coluna. Com sinais pré-programados por computador, a técnica passou a oferecer mais possibilidades, mas o movimento parecia robótico. Além disso, se ficasse fora de sincronia, era preciso redefini-lo.

Oskam tinha apenas o implante espinhal antes de receber os dispositivos cerebrais. Ele diz que agora tem muito mais controle. “Antes eu sentia que o sistema estava me controlando, mas agora eu o estou controlando.”

Com implantes cerebrais, Gert-Jan Oskam pode andar novamente – Ecole Polytechnique Federale de Lausanne

Ainda experimentais e muito volumosos, os sistemas — tanto o anterior quanto o atual — não podem ser usados constantemente. Os pacientes os usam por cerca de uma hora algumas vezes por semana. O ato de caminhar treina os músculos e restaura um certo grau de movimento, que é mantido quando o sistema é desligado — o que indica que os nervos danificados podem estar crescendo novamente.

A Onward Medical, empresa de Courtine, quer miniaturizar a tecnologia para que ela possa ser comercializada para uso no dia a dia. “Está chegando”, diz ele. “Oskam recebeu o implante 10 anos após o acidente. Imagine quando aplicarmos nossa interface cérebro-espinha algumas semanas após a lesão. O potencial de recuperação é enorme”, aposta.

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