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Cartórios de MG registram 15,7% mais óbitos do que o patamar anterior à pandemia

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Levantamento aponta que em 2022 aumentaram as mortes por doenças respiratórias e do coração. Número é quase 9 vezes maior que o crescimento anual médio de falecimentos no Estado antes da Covid-19

Passados os primeiros 10 meses deste ano, marcado pelo maior controle da pandemia de Covid-19 e aumento da vacinação, o número de óbitos em Minas Gerais ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no país. Levantamento inédito junto aos Cartórios de Registro Civil do estado aponta que o número de mortes em 2022 é 15,7% maior que o computado em 2019, e nove vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos registrados no estado antes da doença causada pelo novo coronavírus.

Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

Em números absolutos foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 136.984 óbitos, número 15,7% maior que os 118.348 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da Covid-19. Na comparação com os números dos anos onde a pandemia esteve no auge no estado, verifica-se uma diminuição de 16,4% no número de mortes em relação ao ano passado, que totalizou 163.969 falecimentos, e aumento de 11,4% em comparação a 2020, que computou um total de 122.906 óbitos.

O ainda alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no estado de Minas Gerais, que variou, em média, 1,7% entre 2010 e 2019. Durante este período, a maior variação no número de óbitos no Estado tinha ocorrido em 2016, quando registrou crescimento de 3,7%. Com exceção ao ano de 2021, auge da pandemia no Brasil, quando os óbitos cresceram 33,4% de um ano para o outro, o alto número de mortes neste ano sugere que ainda podem haver fatores impactantes relacionados à doença.

Sequelas da Covid

Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças no estado, apresentando queda de 84,5% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisado, foram registradas 44.331 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 6.840 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença passaram a registrar crescimento diferenciado no país.

“Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram a realidade vivenciada pelos cidadãos mineiros. Ainda que os casos de Covid-19 tenham diminuído, há o aumento de outras doenças cardiorrespiratórias, que podem ser causadas por sequelas do vírus. Com os dados coletados pelos Cartórios, é possível pensar em políticas públicas para prevenção a essas doenças”, disse Genilson Gomes, presidente do Recivil.

Um número que chama atenção no levantamento diz respeito ao número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 181,8% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 541 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 192 registros para o mesmo período de 2019

Outro exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia, que passaram de 13.565 entre janeiro e outubro de 2021 para 18.536 no mesmo período deste ano, um crescimento de 36,6%. Em 2020, foram 14.027 mortes pela doença nos 10 primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 16.222 óbitos causados por pneumonia. O número de mortes pela doença apresentou aumento de 14,3% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo período de 2019, quando ainda não havia pandemia.

Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que registrou aumento de 19,5% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Ao todo, foram computadas 16.673 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2019 foram 13.956 óbitos no mesmo período. Já nos anos auge da pandemia, 2021 e 2020, foram catalogados respectivamente 14.473 e 13.841 óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento em 2022 de 15,2% em relação a 2021 e de 20,5% em relação a 2020.

Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios mineiros está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano cresceram as mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas (47,9%), AVC (16,6%) e Infarto (18,7%) na comparação com o mesmo período de 2019, ano anterior à chegada da pandemia. Já na comparação com 2020, os aumentos foram de 23,8%, 14% e 7,7%. Em relação a 2021, as mortes por AVC cresceram 4,4%.

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