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Brasil e seus jeitinhos na pandemia

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Hoje quero falar sobre algumas situações corriqueiras no Brasil em meio à pandemia que me fazem pensar profundamente sobre a nossa nação. O Brasil identificou a primeira contaminação pelo novo coronavírus no final de fevereiro de 2020 e existem controvérsias sobre o fato e várias discussões, mas essa não é a pauta de hoje, quero falar propriamente do jeitinho brasileiro.

Com a explosão da pandemia, colapso da saúde, economia completamente estagnada, famílias passando por necessidades básicas, tudo veio à tona rapidamente. Em meio ao caos, surgiram iniciativas governamentais para auxiliar em meio à difícil situação da pandemia, tais como programas para facilitar o crédito empresarial, como o PRONAMPE, programa para auxiliar as empresas a arcar com folha de pagamento, programa para redução e suspensão de carga horária do trabalhador, antecipação do saque-aniversário do FGTS, o famoso auxílio emergencial, postergação de recolhimentos de tributos e outros.

O Brasil começou a sucumbir em meio tantos problemas e o pior: atrelado à guerra política e à famosa dicotomia saúde x economia, que sempre falo: não existe. Ambas são essenciais para sairmos de um momento tão delicado, mas quero falar sobre o famoso jeitinho brasileiro. A pandemia mostra que o brasileiro muitas vezes extrapola o campo para buscar com seu jeitinho situações que não lhe convém.

Comecei a presenciar e ouvir cotidianamente situações que não se compreendem, como empresas solicitando o PRONAMPE, que é  um programa de governo destinado ao desenvolvimento e ao fortalecimento dos pequenos negócios, porém as  empresas aproveitam os juros baixos e solicitam o mesmo para fins pessoais dos sócios ou situações não atreladas à pandemia. Outro ponto é o famoso Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) que deve ser utilizado quando houver acordos entre trabalhadores e empregadores, nas situações de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e suspensão temporária do contrato de trabalho, porém muito se fala da utilização dos referidos benefícios sem realmente acontecerem na prática as referidas reduções e suspensões. O auxílio emergencial, esse sim, foi o maior reflexo do jeitinho brasileiro; foram inúmeros cidadãos solicitando o referido auxílio sem se enquadrar nos requisitos obrigatórios. Muitos estão pagando caro, pois estão sendo obrigados a devolver os tais valores via Imposto de Renda.

Vejo que, por exemplo, os europeus viveram duas guerras e sabem, em momentos de dificuldade, como em uma pandemia, comportarem-se a fim de superar o pior. Foram moldados em uma educação superior à nossa, claro que existem fatores como financeiros e estruturais, mas isso já é reflexo de uma sociedade com forte alicerce. Falando de nós, brasileiros, precisamos entender que o jeitinho não funciona assim, vejo como fatores determinantes o exemplo de nossos governantes, afinal, vivemos em país historicamente corrupto, o que – em uma pirâmide – atinge todas as classes. E, junto com esse mau exemplo governamental, surge outro ponto que vejo como determinante: que é a educação. Ela é o pilar da formação dos indivíduos, vejo que a educação é a salvação, pode demorar e muito para atingir uma massa significativa, mas é a partir de pessoas moldadas com uma boa educação em todos aspectos que teremos um Brasil livre de jeitinhos.

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