Justiça
Começa nesta segunda julgamento da ex-prefeita de Santa Luzia por assassinato de jornalista; relembre o crime
Além da ex-prefeita Roseli Ferreira Pimentel, outros sete acusados também vão a júri popular pelo crime
Ex-prefeita de Santa Luzia, Roseli Ferreira Pimentel e outros sete acusados vão a júri popular nesta segunda-feira (8) pelo assassinato do jornalista e dono do jornal O Grito, Maurício Campos Rosa, ocorrido em agosto 2016. Roseli é acusada de ter encomendado e financiado a morte do repórter. Conforme as investigações, Roseli teria usado R$20 mil dos cofres públicos para pagar os suspeitos de matar Maurício com sete tiros. Com informações de Itatiaia.
Segundo testemunhas, o jornalista vinha favorecendo a eleição da chapa de Roseli em seu jornal. Os exemplares eram distribuídos nos comitês eleitorais da candidatura por um pagamento de R$100 mil feito pela chapa. Maurício, entretanto, teria exigido um pagamento extra da prefeita a fim de não divulgar irregularidades que havia descobertos na corrida eleitoral.
O jornalista fez ameaças de passar para a oposição e de tornar público desvios de verba realizados pela prefeita. Conforme as investigações da Polícia Civil, cerca de R$80 mil teriam sido desviados da saúde municipal para pagar o aluguel da casa de Roseli.
Roseli Pimentel passou a ser suspeita do crime depois que funcionários da prefeitura denunciaram a polícia que os pertences do jornalista morto teriam sido levados ao gabinete da prefeita. Além disso, documentos encontrados no computador da vítima revelavam a ameaças e negociações feitas com a chefe do executivo de Santa Luzia.
Renúncia e outras denúncias
Em 2017, Roseli foi presa preventivamente e, logo depois, recebeu um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça, que determinou que ela usasse tornozeleira eletrônica. Roseli foi afastada do cargo e a Câmara de Vereadores de Santa Luzia abriu um processo de cassação do mandato. A ação foi extinta em maio de 2018, quando Roseli renunciou ao cargo.
Roseli já havia sido denunciada e teve o primeiro mandato cassado em dezembro de 2016, meses antes de assumir o segundo mandato como prefeita. Na época, ela tinha sido denunciada pelo candidato adversário, Delegado Cristiano Xavier (PSD), suspeita de abuso de poder político e econômico.
Segundo as denúncias, Roseli havia enviado mensagens para os diretores de escolas municipais e pedido que eles influenciassem pais de alunos durante as eleições. Na época, Roseli e o vice-prefeito, Fernando César, foram declarados inelegíveis por oito anos e condenados a pagar multa de R$ 15 mil, mas recorreram à decisão. Desta forma, Roseli continuou no cargo devido a uma liminar.
Outros acusados
Além da prefeita e professora Roseli Ferreira Pimentel, outras sete pessoas serão julgadas pelo júri. Entre elas, estão acusados de terem executado o crime, contratado os executores, além de uma servidora que teria auxiliado a prefeita a desviar dinheiro público para pagar pelo assassinato.
Os acusados são:
- Paulo César Florindo de Almeira – acusado de ter matado a vítima com sete tiros de arma de fogo.
- Gustavo Sérgio Soares Dias – acusado de ter conduzido o veículo que levou o executor até o local do crime.
- David Santos de Lima – acusado de ter rastreado e perseguido da vítima no dia do crime, além de ser o responsável pelo desaparecimento do carro usado.
- Mônica Maria Lara Augusto Rocha – servidora da prefeitura de Santa Luzia, é acusada de ter auxiliado a prefeita no desvio de R$20 mil para pagar os executores do homicídio.
- Antônio Ferreira de Souza – locador do imóvel onde funciona o Posto de Saúde do distrito de São Benedito, em Santa Luzia. Os R$20 mil desviados foram transferidos para a conta pessoal dele, sob justificativa de um “equívoco” nos depósitos de verbas.
- Alessandro de Oliveira Souza – conhecido como Leleca, é filho de Antônio Ferreira de Souza e funcionário de confiança da prefeita. Ele é acusado de ter contratado os executores do crime e seria amante de Paulo César.
- Giovania Monalisa Costa Araújo – acusada de ter divulgado, indevidamente, conteúdo sigiloso das investigações. Giovania integrava o quadro de pessoal do município de Santa Luzia na época do crime e atuou como advogada de Alessandro.