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Saúde

AstraZeneca poderá pagar indenização multimilionária no Reino Unido por coágulos sanguíneos

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Processo coletivo de 51 vítimas e familiares no Reino Unido acusa a vacina da farmacêutica AstraZeneca contra Covid, desenvolvida em parceria com Oxford, de causar trombose com trombocitopenia.| Foto: EFE/ Sebastiao Moreira

Em uma ação coletiva em curso no Reino Unido que pede R$ 645 milhões de indenização para 51 afetados, a farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca admitiu que sua vacina contra Covid-19 pode causar trombose em uma minoria dos inoculados. Com informações de Gazeta do Povo.

Uma das vítimas, Jamie Scott, culpa a vacina por uma lesão cerebral permanente após desenvolver um coágulo sanguíneo, o que o incapacitou para trabalhar. Ele tomou a vacina em abril de 2021.

Examinando os autos do processo, o jornal britânico The Telegraph noticiou no domingo (28) que a empresa, apesar de contestar os casos específicos como o de Scott, declarou que seu imunizante “pode, em casos muito raros, causar a STT [síndrome de trombose com trombocitopenia]”. Essa condição médica significa o desenvolvimento de coágulos dentro dos vasos sanguíneos com a característica de terem uma contagem baixa de plaquetas.

A AstraZeneca insiste, contudo, que sua vacina, feita em parceria com a Universidade de Oxford, não é uma causa comum da STT, que pode ser desenvolvida na ausência do imunizante.

Foi a STT após a inoculação com a vacina da AstraZeneca que tirou a vida do brasileiro Bruno Graf, de 28 anos, em 28 de agosto de 2021. Outras vítimas brasileiras nesta faixa etária são conhecidas. Como noticiou a Gazeta do Povo, na época o Reino Unido já havia removido a recomendação dessa vacina para menores de 40 anos. O Brasil demorou 600 dias mais para seguir o exemplo. Já em março de 2021, Dinamarca, Noruega, Islândia, Áustria, Estônia, Lituânia e Luxemburgo suspenderam o uso da vacina por causa da STT. O Brasil, que produziu a vacina na Fiocruz, só deixou de recomendar a vacina em doses de reforço em 2023.

Um estudo observacional publicado na revista Vaccine em fevereiro, que incluiu 100 milhões de pessoas, apontou que a incidência de STT cerebral entre vacinados com a Vaxzevria (nome oficial da vacina da AstraZeneca no Brasil) é 223% maior que o número “normal” de afetados com a condição na população na ausência da vacina. Este incremento é baseado em números baixos: na Escandinávia, o excedente de casos com a vacina foi de 2,5 pessoas a cada 100 mil. “Raro, mas preocupante”, nas palavras dos autores do estudo.

A bula mais recente da Vaxzevria no Brasil menciona a trombocitopenia oito vezes, não indicando novas doses para quem já desenvolveu STT após doses do imunizante “ou qualquer outra vacina para a Covid-19”.

O documento diz que a baixa contagem de plaquetas sem coágulos é um efeito colateral “comum” da vacina, mas que a STT é um de “eventos muito raros” (o termo “evento” significa um possível risco que ainda não foi estabelecido como efeito colateral), com frequência “inferior a 1 em 100 mil indivíduos vacinados”, uma subestimativa na comparação com o número da Escandinávia.

A Vaxzevria é uma vacina de vírus recombinante, ou seja, utiliza o revestimento de um vírus diferente do vírus da Covid-19, bem como uma parte do material genético deste que dá um comando para as células humanas produzirem uma proteína viral a ser usada como base para a formação de defesas do organismo contra a doença.

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