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Sobre consumo, padrões e diferenças

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Até puxar a cadeira, sentar e ligar o notebook não sabia bem ao certo o que escrever nesta semana. Na verdade, tinha em mente uns temas áridos ligados à política e à pandemia. Assuntos que estão sendo difíceis de consumir e também de redigir.

Engraçado isso: nem sempre a gente escolhe o que consome, quando deveria ser justamente o contrário, com tantas opções postas na mesa. Parece que de forma deliberada vão nos empurrando umas refeições que não pedimos.

Ao consumir assim, nos enquadramos num padrão de comportamento estável. Fácil de controlar e todos vão ficando meio que iguais. Tipo gado nelore no pasto. Quem viu um, viu todos. Não tem diferença entre eles. Vão comer a mesma ração, desenvolver os mesmos hábitos e semelhanças. Logo ganham peso e ficam prontos para o abate.

Se o texto lhe parece agressivo até aqui, vou mudar um pouco a argumentação. Diferente de outros tempos, hoje temos opções e é necessário exercitá-las. Cada vez mais a opção de escolha está nas mãos de quem consome.

Um exemplo bobo: antes um bom filme saía nos cinemas, sem cinema na cidade aguardava-se sair em fita VHS. Se não tinha nada disso, esperava-se uma emissora de TV, um ano e tanto depois, incluir o tal filme em sua programação.

Hoje isso não ocorre assim, com as empresas de streaming – como a Netflix, por exemplo, – o tal filme chega de forma quase instantânea. E com o benefício de ser visto, revisto, quantas vezes quiser. Sem contar as produções exclusivas para esse tipo de plataforma.

O que isso traduz: que o consumidor está cada vez mais empoderado, mas deve saber fazer bem suas escolhas. Isso para tudo. Do entretenimento à política. Da religião ao comportamento.

Cabe tudo num mesmo cardápio e são as diferenças que vão dando gosto às escolhas, por que não? O The New York Times, a Barsa, a Bíblia estão à mão para serem solvidos.

Dentro do conceito de aldeia global, o conhecimento e a cultura tendem a ser cada vez mais plurais. Ressignificando velhos sentidos. Uma sociedade mais madura vem da soma. Do que é diferente e não “anormal”.

O indivíduo consciente de suas escolhas é a base. Quanto mais clareza no que consome, melhor. As certezas vão melhorando o hábito de consumo e, por consequência, o que deve ou não ser ofertado.

Quanto menos padronizados, menos fácil o controle. Quanto menos controle, mais opções de escolhas. Quanto mais escolhas, mais variedade. Quanto mais plural, mais justo… Cabe todo mundo.

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