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SENTA, ROLA

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Liberdade é pássaro. Liberdade é espaço. Liberdade é uma concepção, desejo. Sonho de olhos abertos. Liberdade é também o despertar. O reascender… transcender.

Liberdade é tudo isso e muito mais. No entanto, ninguém é livre sem doação. Trabalho, inspiração. Liberdade pressupõe consciência de si e de todas as coisas que nos cercam, nos impactam.

Tem gente que se acha livre, sabida. Mas voa num céu de gaiola, predeterminado. Nesse espaço faz seu ninho, cria os seus e acomoda. Liberdade controlada, adestrada.

Nessa cilada, muitos se sentem gratos pela liberdade relativa e vivem lambendo a mão de quem os tolhe. É cordeiro manso servido em ceia. Gado que se acostumou com o caminho do abatedouro. Para o gosto de quem manda.

Parecer ser não é. Castrado, vive-se numa ânsia e só. É como chupar a bala com o plástico. Um prazer tosco e incompleto. Mesmo assim, julga-se feliz. A bala está na boca, mesmo que sem sabor.

Sem consciência, liberdade é só mais uma retórica. Em tempos tão estranhos anda, ela, deveras profanada. Liberdade é o sentido que se tem dela e não, necessariamente, o que tentam supor por nós.

Nessa brincadeira de “senta e rola” vai se perdendo a noção da razão. Aprende-se a fazer “gracinhas” por puro instinto. Desejando agrados. Para isso murcham-se as orelhas, abanam o rabo.

Há uma sensação de acalento no meio da manada. Reconhece-se os igualmente adestrados. Isso dá força, cumplicidade. Afinal, não se está perdido sozinho. Existem cúmplices nessa decisão.

Se liberdade é pássaro, ela é pássaro espantado. Do tipo que fica arisco com essas movimentações estranhas. Cisca e logo voa.

Em cada canto um espantalho. Querem amedrontar a liberdade, ressignifica-la aos solavancos. Aos gritos, aos berros.

Se fosse flor, liberdade brotaria sobre argumentos e não em solos de histeria e convulsão. Como toda flor delicada, precisa de um bom terreno para vingar, criar raízes.

Liberdade tem companhia e uma delas se chama escolha. Todos são livres para fazer as suas escolhas… companhias.

Isso é algo interessante sobre a liberdade. Por mais que tentem subvertê-la, ela admite ser pega. O que cada um faz com ela é de sua responsabilidade.

Liberdade não é o que prende. É o que solta.

Tolerante, sempre faz falta.

 

  • RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação.
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