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Reflexões pós-carnaval

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Há muito tempo não escrevo. Tenho crises de imaginação para colocar as palavras no papel. Digito. Leio. Releio. Deleto. Faz parte do processo de todo escritor e, eu, particularmente, não gosto de escrever por obrigação, ainda mais quando um feriado se aproxima e entro no clima do descanso que ele oferece. Logo, o cérebro só quer saber das fantasias do carnaval. E o ofício da escrita é por amor. Sou um contador de histórias. Conto uma a cada exemplo que vou elaborar nos diálogos. Casos de carnaval não faltam no meu repertório, por isso, o assunto desta crônica fluirá como um desfile das escolas de samba. Indo no ritmo…

Um dia me perguntaram se gosto de carnaval, já que não me encontram em nenhum bloco, andando atrás de trio elétrico. E respondo sem fazer grandes reflexões, pois, realmente, essa visão é rara. Evito a multidão, a bebedeira, os xixis nas portas dos vizinhos, o empurra-empurra, o glitter, o cheiro de álcool impregnado nos foliões e a ausência de desodorante em muitos corpos. Mas eu gosto da folia, da animação do povo, da necessidade que o brasileiro tem de extrapolar todos os limites em busca de felicidade. Amo as músicas, a disputa de qual hit será sucesso, as fantasias, o feriado, o desfile na Sapucaí, o samba. Carnaval é cultural e, nesse sentido, sempre terá meu respeito. Brasil não é o Brasil sem a festa.

Aliás, o País é um carnaval em qualquer época do ano. A data em si marca a tradição. De fevereiro (ou março) a fevereiro, o que acontece entre é pré-carnaval. Micaretas, festivais, rodas de samba, até rock, frevo, toada, e outras danças e ritmos folclóricos entram no script. Carnaval é a nossa alegria em curtir a vida. Já curti muito: bandas na Praça da Estação em Bom Despacho, praias do Espírito Santo, marchinhas em Ouro Preto, axé em Salvador, bloquinhos de Belo Horizonte, samba no Rio de Janeiro com direito à fantasia na Marquês de Sapucaí, camarotes, cachoeira na Serra do Cipó, piscina em Lagoa Santa e em Abaeté, Netflix e Amazon e 12 filmes em casa (em apenas dois dias). Curtindo um pouco de cada jeito de se viver o carnaval. Por que excluir o que se pode experimentar, não é mesmo? Ainda não tenho no currículo uma folia no exterior.

Já tive amor de folião, fui chifrado no bloco, apaixonei-me na sexta e desisti na terça, chorei a perda de um título da escola que torço desde a infância, desfilei em outra que foi rebaixada, terminei um namoro por causa do filme Titanic, e o que afundou foi meu carnaval. Camisa de turma, abadá, fantasia de mosqueteiro no clube social, crachá de VIP. Já vesti de tudo também, inclusive, calça e camisa para cumprir o plantão de trabalho. Banho de chuva, de espuma, de cerveja. Acompanhar o bloco Então Brilha? Isso não, pois acordar de madrugada jamais estará no meu roteiro. Porém, ver o nascer do sol cantando Ivete, de frente ao Farol da Barra, é tema para outra crônica. E assunto para muitos outros carnavais.

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