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Outsider, Bolsonaro, Zema, Nova Serrana, irritação, cumprir promessas

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OUTSIDER – BOLSONARO – ZEMA – NOVA SERRANA – IRRITAÇÃO – CUMPRIR PROMESSAS

Outsider, palavra ou distinção até então pouco comum e que nas duas últimas eleições ganhou notoriedade, especialmente no meio político. Para uns, o significado da palavra está ligado a “um individuo que não pertence a um grupo determinado” para outros “É aquele que não se enquadra na sociedade, vive as margens das convenções sociais e determina seu próprio estilo de vida, através de suas crenças e valores”.  Já o Dicionário Houaiss da língua portuguesa define o outsider como “a pessoa que não pertence a um determinado grupo, estranho, intruso, forasteiro”. Por fim, em uma interpretação extensiva a revista Isto É, classifica que “no meio político o outsider não precisa ser necessariamente um neófito no mundo político. Para se enquadrar nesta condição, basta se enquadrar como anti-político tradicional e agir de modo distinto ao que está ai hoje, principalmente durante o exercício de sua gestão”.

NOVO

Outra forma de tratamento e bem mais comum em nosso meio político foi o termo “novo”. Também nas duas ultimas eleições, imperou o discurso do “novo, da renovação e da mudança”, infelizmente o discurso que parecia ser uma inovação, apresentando algo que pudesse recuperar a credibilidade de um país desacreditado, politicamente dizendo, com o passar de pouco mais de dois anos, sente os sinais de que a renovação por si só, sem critérios de escolha, tratou-se mais de um voto de protesto do que especialmente de um voto de escolha, aliado a competência de um pretendente a ocupar um cargo público.

MOVIMENTOS

Conhecedores de que para uma efetiva renovação política não basta apenas trocar o nome de um ocupante de cargo público, mas sim a forma e não se submeter ao sistema político há décadas condenado e impregnado no meio, buscando e motivando novas lideranças realmente capacitadas, ou seja, aptas para ocupar um cargo eletivo. A partir de então,  diversos movimentos suprapartidários colocaram em prática projetos para promover a renovação política. Dentre estes se destacam, o “Agora, Renova Brasil, Livres, Nós, Ocupa Política, Muitas, Vote Nelas, Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Movimento Brasil Livre (MBL)”.

A PROPOSTA

Demonstrando bastante semelhança entre as propostas dos diversos movimentos, estes se propõem basicamente a preparar pessoas de fora da política a disputarem as eleições e atuar no setor publico. Geralmente oferecem aulas e treinamentos sobre temas essenciais para novas lideranças políticas de diversos alinhamentos, proporcionando uma renovação fundamentada no diálogo e na convergência de ideias. A maioria dos movimentos nasce de uma iniciativa da sociedade civil e não possuem fins lucrativos.

O OCORRIDO

As eleições municipais de 2016, ainda antes do surgimento de diversos desses movimentos anteriormente citados, já dava mostras de que o eleitor brasileiro não aceitava mais a forma como governava políticos tradicionais, detentores de diversos mandatos eletivos, defensores de diversas bandeiras partidárias, mas que por interesse se alinhavam, transformando-se em  um só grupo,  com finalidade de defender os interesses próprios. O eleitor acabou acreditando que a renovação a todo e qualquer custo seria uma forma de renovação, frente a um modelo político saturado, em boa parte praticando um ledo engano.

O INÍCIO

Com o resultado das últimas municipais e percebendo o desejo do eleitor de se mudar a todo custo o quadro de gestores públicos que há anos se perpetuavam no poder, surgiram então os citados movimentos sociais. Conhecedores de que os resultados apontados nas urnas de 2016 expressavam mais o voto de protesto ou revolta do que realmente pela renovação consciente, que buscou a melhor alternativa pela capacidade e não por falta de opção. Sentindo o desejo de mudança do eleitor, mas prevendo que a mudança sem critérios poderia ser para pior, iniciou-se o trabalho de convocação de cidadãos capazes e com desejo de contribuir e de melhorar o sistema político, sem fazer do mesmo uma fonte de renda ou o cumprimento de uma vaidade pessoal.

BOLSONARO

As eleições presidenciais de 2018 elegeram Jair Bolsonaro, considerado um outsider, que com poucos recursos financeiros próprios, mas com fala firme, especialmente no que tange a segurança publica, caiu no gosto do eleitor, promovendo uma grande campanha não só nas redes sociais, mas por todos os lugares por onde passava.  A Bolsonaro lhe foi oportunizado o cumprimento de um mandato presidencial, após 27 anos ocupando uma cadeira da câmara federal. Com menos de cem dias, marca em que um governo que inicia seu mandato eletivo é avaliado, especialmente pela imprensa e profissionais com notório conhecimento político, o mesmo já foi alvo de diversos indícios de irregularidade. Não compete aqui analisar se os indícios são realmente condenáveis, mas que pelo desejo de renovação, que as propostas apresentadas em campanha sejam exequíveis e com urgência, a fim de não oportunizar um sentimento de que a mudança pretendida, não passou de uma mera expectativa.

ZEMA

Aqui, pelos lados das Alterosas, o Novo elegeu Romeu Zema. Empresário vencedor na vida privada. Durante anos sentiu na pele o que é empreender em um país de terceiro mundo e mais, ser e permanecer contribuinte de estado que há alguns anos vem passando por uma de suas piores crises financeiras. De franco atirador, no inicio da campanha Zema contava com apenas 2% das intenções de votos, aproximando-se das votações em primeiro turno, tornou-se favorito ao Palácio da Liberdade, confirmando em segundo turno com 70% das intenções de votos.

JEITO DE GOVERNAR

Como prometido em campanha, o governo Zema vem priorizando as lições adquiridas na iniciativa privada, tentando levar para o governo o que há de melhor quando se trata de mão de obra. Nesta semana foi lançado o programa “Transforma Minas” que tem por finalidade a contratação temporária de profissionais que tenham interesse em ocupar provisoriamente cargos de chefia e liderança junto ao governo. Sem dúvidas as vagas são atraentes e sua remuneração desperta um grande interesse, já que as primeiras que foram disponibilizadas oscilam entre sete e vinte mil reais, mensais.

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO

Como nem tudo que reluz é ouro, a medida adotada pelo governador despertou o interesse de todos os possíveis candidatos, resultando até em uma ação de marketing político em favor do governador, mas definitivamente não agradou nem um pouco na Assembleia Legislativa. Deputados que há décadas estavam acostumados a condicionar seu apoio ao governo em troca de nomeações de indicados, especialmente para cargos mais vultosos, se sentem “traídos” com o posicionamento adotado. E por falar em Assembleia, parece-nos muito falha a articulação (se é que existe) entre governo e Assembleia. A imposição por parte dos deputados para que secretários do governo tenham agenda com os mesmos para prestar contas, soa como pouco diálogo entre os poderes, levando a crer que a permanecer como está, poderá em breve o executivo ter sérios problemas para aprovação de projetos, especialmente os mais relevantes, comprometendo a governabilidade.

NOVA SERRANA

Continuando a saga Outsider e Novo, Nova Serrana não poderia estar de fora. Nas eleições de 2016, depois de 28 anos de alternância de poder entre os ex-prefeitos Joel Martins (quatro mandatos) e Paulo Cesar (três mandatos), o eleitor nova-serranense viu surgir um novo nome na política municipal. Euzébio Lago que disputou algumas eleições até conseguir uma vaga na câmara municipal, após cumprir seu mandato, preferiu alçar voos mais altos, sempre disponibilizando seu nome para enfrentar os dois políticos mais tradicionais das terras do Cercado, que até então, se imaginava ser imbatíveis.

DOIS ANOS

Decorridos 26 meses dos 48 possíveis deste mandato, muito se questiona se a escolha pelo atual gestor foi mesmo uma escolha pela melhor opção ou se realmente foi por um voto de protesto, como muitos insistem em dizer, desde o inicio do mandato. É fato que o atual gestor vem enfrentando graves problemas de confisco nos repasses do estado aos Municípios, mas é fato também que outros municípios, vêm dando exemplo de uma administração enxuta e que inclusive conseguem prosperar em alguns pontos. Pagamento da folha em dia (inclusive décimo terceiro salário), fornecedores, promoção de eventos tradicionais e populares como o carnaval vem dando mostra que diversos municípios estão conseguindo organizar suas contas publica.

IRRITAÇÃO

Pelas redes sociais, especialmente em grupos de debates políticos, é notória a insatisfação do cidadão serranense que reclama em alto e bom som dos desleixos que vem ocorrendo com a cidade. A situação de sucateamento da “coisa” pública é evidente. Para quem anda pela cidade, é de fácil percepção que quando se trata de ruas, a cidade virou um verdadeiro queijo suíço, os buracos que se formaram deixaram de ser buracos para se tornar crateras. A ponte do bairro São Geraldo, além dos recursos deixados em caixa por um Deputado, tem também muitas desculpas para o seu abandono, que a continuar com esses argumentos pouco plausíveis, até o santo homenageado poderá se zangar. E a Copasa? O consumidor que se assusta mais quando tem água na torneira parece ter que conviver com a ausência dela. Ao fim do mês a “continha azul” não deixa de chegar e muito menos de apresentar um consumo elevado (de ar?). Em Divinópolis, a reclamação contra a operadora se não é a mesma é bem parecida com a daqui. Lá já foi feita CPI (como aqui), ajuizada ação (como aqui), etc. No início deste mandato, tivemos até dedo em riste e tapa na mesa e há pouco tempo a promessa de que seria “pau na moleira”. O trânsito foi municipalizado, mas continua caótico como sempre, faixas apagadas, semáforos com problemas frequentes, os de pedestre nesta gestão nunca funcionaram. A esperança de que o sistema de vagas de estacionamento rotativas fosse implantado, democratizando as vagas no centro, parece que ficará somente na esperança mesmo. Cobra-se muito do cidadão pela limpeza de seu lote, prometendo inclusive a aplicação de multa, porém o mesmo não ocorre com as áreas de responsabilidade do município. Que mau exemplo.

CUMPRIR PROMESSAS

Do atual mandato ainda restam 22 meses, é possível neste espaço de tempo cumprir diversas promessas, de campanha e da própria gestão. Mais do que tentar encerrar as obras deixadas já em fase final pela gestão anterior é preciso colocar em prática as promessas feitas. Muito criticado o sistema de iluminação da cidade, houve a promessa de troca de toda iluminação por lâmpadas de led, o que é muito bem vindo, mas se não der pelo menos as muitas que estão queimadas já a um bom tempo poderiam ser trocadas. A instalação das passarelas em Gamas, Moreiras e Veredas da Serra. A construção de 600 unidades habitacionais na faixa um, da Caixa Econômica Federal (promessa feita em entrevista concedida a radio 98 FM). A duplicação da rodovia Carmem Duarte, ligando a Boa Vista de Minas, sem contar a tão sonhada reforma administrativa, dando fôlego à folha de pagamento e afastando as notificações do TCE. Menos compromissos com terceirizados.

NÃO FOI POR PROTESTO

Caso haja pretensão do atual gestor em concorrer a uma reeleição (em entrevista a uma emissora de radio já se disponibilizou a disputar) deverá praticar uma reviravolta na cidade, transformando-a em um canteiro de obras (não paliativos), com prazo certo e determinado para entrega, a fim de restaurar a credibilidade confiada no último pleito, desfazendo lembranças como da Fiat Toro que chegou com plumas e paetês, mas que foi sem se despedir. O fatídico Hospital Dia, que prometia curar até as doenças de outros municípios vendendo serviços, mas que sequer chegou. É preciso afastar o sentimento de muitos que vem tomando conta de que o voto atribuído a atual gestão foi um voto de protesto. Ainda há tempo, muito também o que fazer, vamos ainda alimentar a esperança de que virá realmente um novo tempo para todos.

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