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O falso normal

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Somos adaptáveis às circunstâncias e isso nos faz mais fortes. É o que vem ocorrendo no atual momento, em que atravessamos uma pandemia sem precedentes na história da humanidade. Já são quase 12 milhões de pessoas infectadas pelo covid-19 no mundo e mais de meio milhão de mortes.

Para conter o contágio várias medidas foram e estão sendo adotadas. Impactando diretamente na rotina de todos. É o “novo normal”, expressão largamente utilizada para definir as relações e vivências humanas num mundo sob o advento da pandemia.

Até aí, bem ou mal, já estávamos relativamente acostumados com esse cenário que se impôs. No entanto, com o relaxamento das medidas de isolamento, que representa mais gente nas ruas, uma nova expressão surge: o “falso normal”.

Com várias atividades do dia-a-dia liberadas – como academias, bares, clubes, comércios e igrejas – o número de pessoas circulando nas cidades aumentou drasticamente. E isso faz cair a taxa de isolamento, que no Brasil nunca foi a desejada (teria que ser de 70% segundo a OMS, e aqui não atinge os 50% em média) fazendo subir o risco de contágio.

Essa aparente normalidade, segundo vários especialistas, se constitui numa armadilha. Nos países em que os governos e autoridades sanitárias conseguiram controlar o covid-19, dois fatores foram decisivos. O primeiro deles foi a alta taxa de isolamento, dentro do que prega a OMS, e o segundo ponto é que só houve flexibilização depois do pico da doença ser atingido e caminhar para uma estabilização.

O Brasil está longe dessas duas metas e o “falso normal” já toma conta do cotidiano. O resultado é o estrangulamento da oferta de leitos para tratar o covid-19 e falta de remédios para quem necessita ficar entubado e com auxílio de respiradores.

Na falta de fazer bem o dever de casa, o alento pode vir da vacina que está em fase de testes no país. A pesquisa é da universidade de Oxford, na Inglaterra. A vacina é promissora e tudo indica que ela receberá uma licença especial de utilização até o fim do ano. De início o Brasil teria uma cota de 30 milhões de doses.

Mas até lá vale redobrar a vigilância e conter a ansiedade em torno do “falso normal”. Nada ainda normalizou. Quem sai às ruas continua se arriscando e se não é do grupo de risco e nada sente, pior é. Os casos assintomáticos, nos quais estas pessoas estão inseridas, são os que mais preocupam pela alta capacidade de contágio que apresentam.

O momento ainda é de travessia. Vai passar, mas é necessário cuidado. O “falso normal” advindo da abertura de alguns setores deve ser visto com cautela. Quem defende a normalidade neste momento expõe vidas ao risco e pode ser convidado a pagar a conta no final.

O momento pede sobriedade, acima de tudo.

 * RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação.

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