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Números de roubos e furtos de veículos caem em MG durante pandemia da Covid-19

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Menos circulação de pessoas nas ruas, menos veículos estacionados em vias públicas e guardados nas residências. A pandemia do Coronavírus alterou, entre muitas coisas, o número de roubos e furtos de veículos em Minas Gerais. Em 2019, o número de roubos no Estado foi de 10.230 e, em 2020, 7.606, uma diminuição de 25,6%. Já em relação aos furtos, em 2019 foram registrados 23.675 contra 20.138 do ano passado, uma queda de 14,9%.

A microempreendedora Bruna Rangel Salle Silva, de 37 anos, teve o carro, um Honda Civic, roubado em fevereiro deste ano no bairro Letícia, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

“No dia 5 de fevereiro estava a caminho da casa de uma amiga quando apareceu um carro, não sei de onde, atravessou na minha frente e eu tive que frear para não bater. Nesse momento, dois caras armados desembarcaram falando ‘perdeu’ e mandaram que eu saísse do veículo e fosse embora sem olhar para trás. Caso contrário, eles iriam atirar”, contou.

Bruna tem seguro de uma associação, mas ainda não recebeu nenhum valor ou outro carro reserva. Para trabalhar, ela alugou um veículo e pagou, nos últimos 20 dias, R $1.400 pela locação.

“Registrei o boletim de ocorrência e, agora, estou aguardando. O seguro não achou o carro e estão fazendo sindicância para ver se faz a indenização. O prazo para essa sindicância pode demorar até 60 dias para iniciar o processo de indenização”, explicou.

Em Belo Horizonte, além da pandemia, uma ação da Polícia Civil também ajuda na queda dos números de crimes dessa natureza. De acordo com o  chefe da  Divisão Especializada em Prevenção e Investigação ao Furto e Roubo de Veículos Automotores (DEPIFRVA), delegado Artur Alberto Neves Vieira, desde 2019, são realizadas fiscalizações em estabelecimentos comerciais que vendem peças usadas, como as diversas lojas na avenida Pedro II, região Noroeste da capital.

“A diminuição da circulação de pessoas, as restrições comerciais, os fechamentos levaram à diminuição de circulação de veículos e, consequentemente, demais veículos ficam mais tempo dentro das casas dos proprietários e tem essa queda nos crimes de furtos e roubos. Associada à questão da pandemia, a nossa equipe da divisão tem feito um trabalho em relação à lei do Desmonte, que credencia as empresas que querem vender peças de veículos usados. A partir do momento que nós iniciamos as fiscalizações relativas à lei, nós estamos inibindo o cometimento de furto e roubo. O criminoso quando ele furta ou rouba o veículo, ele não vai ter para quem passar esse veículo aqui dentro de Belo Horizonte porque as empresas precisam ser credenciadas junto ao Detran. Há todo um processo de credenciamento, os estabelecimentos precisam estar regulares e as peças cadastradas”, detalhou o policial.

Carros populares são os mais visados pelos criminosos

A “lei da oferta e procura”  também pode se aplicar ao mundo do crime. Com isso, carros populares, com preços que variam de R$ 35 a R$ 45 mil, são os mais procurados por bandidos. Devido ao número maior desses modelos com valores menores, a comercialização ilegal torna-se mais fácil.

“Com os carros populares, as organizações criminosas vão ter mais sucesso em revender as peças Quanto mais pessoas tiverem procurando peças de um determinado modelo de veículo, mais aquele veículo vai ser procurado pelos ladrões e vai ter muito mais saída nos desmanches”, explicou Rodrigo Boutti, gerente de operações da Ituran, empresa de tecnologia que trabalha com quatro das principais seguradoras do país. No Brasil, atualmente, eles têm 400 mil clientes.

Já quando se trata de veículos com maior valor de mercado, o objetivo dos ladrões não é o desmanche, segundo Boutti. “Principalmente caminhonetes, carros importados, quando roubados ou furtados, são levados para fora do país: vão para Bolívia, Paraguai. Quem tem os carros mais caros faz manutenção em concessionárias autorizadas com peças originais e de fábrica. Não compram de desmanches”, afirmou.

De acordo com Boutti, os bandidos preferem carros que têm de cinco a dez anos de uso que, normalmente, são os que mais apresentam defeitos e precisam de peças.

Fraudes a seguradoras cresce mais de 100% durante a pandemia

A pandemia também afetou a área das seguradoras:o número de fraudes a esse setor aumentou cerca de 117% se comparado a 2019. Da cartela de clientes da Ituran, em maio do ano passado, por exemplo, de cem queixas de roubos e furtos de veículos, 13 eram fraudes. Em 2019, no mesmo período, de cada cem queixas, seis eram fraudes.

“A gente percebeu que, com a pandemia, as pessoas ficaram mais em casa, precisando mais de dinheiro, aumentou o desemprego. As pessoas tinham o carro na garagem e não tinham para quem vender. Com isso, algumas delas caem na sedução de que podem ter o valor dos carros nas mãos sem ter que vender. Hoje, para vender um carro e conseguir o valor de Tabela Fipe, normalmente, você tem que conseguir um comprador particular ou uma concessionária que te garanta o pagamento de 100% da tabela. E as seguradoras cobrem o seu bem por até 100% da tabela Fipe”, explicou.

No entanto, quando descoberta, a ação traz consequências graves e o proprietário do veículo pode responder criminalmente. “As pessoas esquecem que hoje em dia tem muita tecnologia, e o seu carro deixa rastros. Aí é uma bola de neve, ela vai aumentar o risco para as seguradoras, e elas vão acabar cobrando mais caro do seguro”, detalhou o gerente de operações.

De acordo com o delegado Vieira, a DEPIFRVA também registra casos de apropriação indébita e ocorrências de estelionato. “Muitos criminosos estão mudando a sua ação passando a cometer apropriação indébita ou estelionato nessa modalidade de fraude às seguradoras. Se o proprietário for descoberto, ele pode responder pelo estelionato. Ele estará tentando obter um benefício ilícito em prejuízo da seguradora ou de uma associação”, finalizou o delegado.

Seguros de veículos podem variar de acordo com o perfil do proprietário

Idade, sexo, se usa o veículo para trabalhar ou só passear, se é solteiro ou não. Todas essas informações são levantadas e, assim, é traçado um perfil do interessado na contratação de um seguro veículo. No mais básico, que cobre furto e roubo, o dono do veículo pode pagar R$ 79 por mês.

“Tudo vai influenciar: o sexo, a idade, quanto mais baixa a idade, mais perto da juventude, ele tem a tendência de usar mais o carro à noite. Se tem garagem no local de trabalho, se deixa o carro na rua. A análise do risco vai trazer para a realidade o valor do seguro”, finalizou Boutti.

Veja as dicas de segurança da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação ao Furto e Roubo de Veículos Automotores (DEPIFRVA):

Para evitar furtos de veículos:

** Estacione o veículo em uma região que tenha mais claridade ou que nas redondezas tenham câmeras de segurança

** Verifique a movimentação na área em que estacionar. Quando o local é mais ermo é mais fácil para o ladrão cometer o furto

** Invista em sistema de segurança: travamento de portas, sistema de corte de ignição, tenha rastreamento veicular e procure uma seguradora

Para evitar roubos de veículos (onde ocorrem as abordagens mediante à violência ou grave ameaça):

** Tenha muita atenção durante os deslocamentos. Segundo o delegado Artur Alberto Neves Vieira, a maior parte dos roubos acontece quando as pessoas estão desatentas

** Fique atento ao parar em sinais e ao chegar ao destino

** Evite ficar dentro de carros em locais ermos. Isso pode facilitar a abordagem dos criminosos

Números:

Veículos roubados em Minas

2015 – 19.601
2016 – 23.978
2017 – 22.358
2018 – 15.964
2019 – 10.230
2020 – 7.606
2021 (jan a fev) – 1.155

Veículos furtados em Minas

2015 – 31.656
2016 – 34.265
2017 – 31.661
2018 – 25.854
2019 – 23.675
2020 – 20.138
2021 (jan e fev) – 3.116

Veículos roubados em Belo Horizonte

2015 – 6.989
2016 – 7.891
2017 – 7.210
2018 – 4.092
2019 – 2.354
2020 – 2.027
2021 (jan e fev) – 284

Veículos furtados em Belo Horizonte

2015 – 7.650
2016 – 8.458
2017 – 7.690
2018 – 6.344
2019 – 5.691
2020 – 5.396
2021 (jan e fev) – 892

FONTE: Por CAROLINA CAETANO –  O TEMPO

FOTO: IMAGEM ILUSTRATIVA WEB

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