Educação

Minas Gerais tem a pior taxa de alfabetização entre os estados do Sudeste

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Segundo especialistas, índice negativo é maior por conta das regiões Norte e Jequitinhonha, mais próximas do Norte e Nordeste do país — Foto: UARLEN VALERIO

Apesar de integrar a região com mais alfabetizados do país, Estado tem maior porcentagem de iletrados que a soma de São Paulo e Rio de Janeiro

Um retrato do Brasil. Essa é a justificativa apresentada por especialistas para explicar o fato de Minas Gerais ter a pior taxa de alfabetização do Sudeste, que, por sinal, é a região com o melhor índice em todo o país. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação 2022, divulgados nesta quarta-feira (7 de junho) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4,8% dos mineiros não sabem ler ou escrever. Com informações de O Tempo.

Apesar do índice ser ligeiramente menor que a média nacional (5,6%), a redução registrada em Minas entre 2019 e 2022 foi menor que a apresentada em todo o país. Enquanto nas 853 cidades do estado a queda no número de iletrados foi de 0,2%, no Brasil a redução foi mais de duas vezes maior (0,5%).

Entre os estados do Sudeste, somente o Espírito Santo tem um número de analfabetos próximo ao de Minas, com 4,7%. O menor índice é do Rio de Janeiro, com 2,1%, seguido por São Paulo, com 2,2%. Segundo o analista do IBGE em Minas, Alexandre Veloso, o número aquém da região em que se insere acontece por se tratar de um estado muito grande e diverso.

“Temos o Sul de Minas e o Triângulo, que são mais próximos de São Paulo e do Centro-Oeste, que são mais desenvolvidos, e, ao mesmo tempo, temos o Norte, o Jequitinhonha, que têm uma economia, um censo demográfico mais parecido com o Norte e Nordeste. Por isso temos essa desigualdade regional. Minas espelha o que acontece no Brasil”, pontua.

Ainda segundo ele, isso enfatiza outra conclusão do Pnad, de que o Nordeste tem quatro vezes mais analfabetos que a região Sudeste. “Os maiores índices de analfabetismo coincidem com o menor índice de investimento na educação, o que causa essa discrepância entre as regiões do Brasil”, completa Veloso.

A conclusão também é compartilhada com o PhD em economia e pesquisador em educação Cláudio Moura Castro. “Minas é um retrato do Brasil. Toda vez que você quiser fazer uma pesquisa a nível nacional e não tiver recursos, você faz sobre Minas que vai dar no mesmo. Minas tem uma ‘São Paulo’ e Minas tem um Nordeste em seu território”, argumentou o especialista.

O TEMPO procurou a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG), mas, até a publicação desta reportagem, a pasta ainda não havia se posicionado sobre o índice encontrado pelo IBGE ou sobre as políticas e investimentos do Governo de Minas na educação.

Pela 1º vez metade do Brasil concluiu ensino médio, mas Minas fica de fora

O Pnad Contínuo: Educação 2022 trouxe, para além da redução 0,5% no número de analfabetos, uma outra boa notícia para o país: pela primeira vez mais da metade das pessoas com mais de 25 anos concluíram o ensino médio.

Segundo a pesquisa do IBGE, em todo o país a educação básica obrigatória foi concluída por 53,2% em 2022, mantendo a trajetória de crescimento. Entretanto, mais uma vez, Minas Gerais acabou ficando de fora, já que no Estado a proporção de pessoas que concluíram o ensino médio ficou em 49,1%, mais de 4 pontos percentuais a menos que a média nacional.

“Desde 2016, essa foi a primeira vez que atingimos esse nível de instrução. Entretanto, em Minas Gerais, estamos abaixo desse índice, ficando um pouco aquém dessa importante meta atingida pelo país”, lembrou Alexandre Veloso.

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