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Saúde

Mais de 180 crianças em Nova Serrana tem problemas de nutrição infantil

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Obesidade e desnutrição são encontradas em Nova Serrana e no Brasil mais de 20% das crianças tem problemas nutricionais

 Antigamente uma criança acima do peso representava que ela tinha saúde, e uma criança magra significava que sua nutrição não estava adequada. Bom essa premissa caiu e nos dias de hoje tanto a obesidade quanto a desnutrição, são problemas sérios relacionados à nutrição das crianças.

Em Nova Serrana o problema apesar de não ser alarmante já acende o sinal de alerta uma vez que quase 10% das crianças da cidade tem problemas relacionados a nutrição.

Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde, e de acordo com os dados do Ministério da Saúde registrados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), de 2.136 crianças acompanhadas pelo Sistema 32 vivenciam problemas de subnutrição, ou seja, estão com o peso muito abaixo para a idade, e 154 vivem indícios de obesidade pois estão com o  peso levado para idade.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) os problemas relacionados à nutrição infantil devem ser analisados com cautela, pois os dados são elevados. A organização aponta que atualmente 12,7%, dos meninos e 9,4% das meninas entre zero e 19 anos no Brasil são obesos.

No que diz respeito a desnutrição a Organização das Nações Unidas aponta que no mundo cerca de 155 milhões de crianças com até cinco anos são desnutridas. Somente no Brasil a estimativa é que aproximadamente 1,2 milhões de crianças até cinco anos estejam desnutridas.

Medidas

A amamentação é a principal medida para que a obesidade e desnutrição sejam combatidas, e diante dessa questão, aliado a continuidade e sequência de uma programação alimentar o Ministério da Saúde está revendo o Guia Alimentar criado no ano de 2002.

O documento revisto pode ser conferido e avaliado até a data de hoje, dia 25 e agosto. De acordo com o Ministério da Saúde, os dois primeiros anos de vida são decisivos para o crescimento e o desenvolvimento adequado da criança e também para a formação de hábitos e para garantir saúde durante toda a vida. “A alimentação tem papel fundamental em todo esse processo”, ressaltou a pasta.

A nova edição do documento está alinhada com o Guia Alimentar para a População Brasileira e traz recomendações sobre a alimentação das crianças nos dois primeiros anos de vida, para promover saúde, crescimento e desenvolvimento. “O guia pretende ser um apoio à família no cuidado cotidiano à criança, tanto nos momentos de dúvida, durante o aleitamento materno, como no enfrentamento aos desafios cotidianos, no estímulo à prática da cozinha e do comer juntos”.

Como podemos proceder?

Diante da amplitude e seriedade da situação, principalmente desenvolvida em Nova Serrana, onde, segundo a Secretaria Municipal de Saúde as quase 200 crianças com indícios de problemas de nutrição são acompanhadas, este Popular buscou informações e conversou com uma nutricionista que abordou principalmente a relação da obesidade infantil.

Confira abaixo as dicas e perspectiva da nutricionista Claudia Kaderli, para todos os pais e responsáveis de crianças em nossa Cidade.

O Popular (OP) – Quais os riscos de uma alimentação desregrada que pode culminar na obesidade para uma criança?

Claudia Kaderli (CK) – Acompanhando tendências mundiais, a obesidade infantil está se tornando um problema grave e preocupante. De acordo com a Abeso (Associação Brasileira de Estudos Sobre a Obesidade e Síndrome Metabólica), 30% das crianças são obesas, o que representa 15 milhões de pessoas. São muitos os motivos a começar pelos hábitos culturais, o sedentarismo e a má alimentação. Hoje temos altos índices de crianças com diabetes, anemia, doenças cardiovasculares, dificuldade para dormir e até hipertensão. A responsabilidade pode ser dividida entre pais e a falta de uma política apropriada para os aspectos nutricionais, que consideram constrangimento infantil retirar da criança um pacote de bolachas e substituí-lo por frutas ou alimentos naturais mais saudáveis.

OP – Antigamente se falava que criança saudável era criança gorda. Hoje o sobrepeso nas crianças é visto como um risco?

CK – Sim, os padrões mudaram. Atualmente um bebê fofinho, provavelmente será uma criança gordinha, um adolescente com sobrepeso e um adulto obeso. Os riscos são vários, além das doenças acima citadas, existe um impacto negativo na vida destas crianças de forma psicológica e social.

OP – O fato da criança estar em sobrepeso, quer dizer que ela está bem nutrida?

CK – Não. Existe uma grande diferença entre uma criança alimentada e uma criança nutrida e da mesma forma, uma criança dentro do peso adequado não quer dizer necessariamente que seja uma criança saudável. A alimentação equilibrada ajuda a promover o desenvolvimento saudável. Existem alguns sinais fáceis de identificar se a criança está nutrida, por exemplo:

Disposição para brincar – a energia para aguentar um dia repleto de brincadeiras, vem da ingestão de micronutrientes como o ferro (cuja falta causa anemia) e a vitamina A (sua ausência está ligada à indisposição).

Dormir bem e acordar bem – ter uma ótima noite de sono não deve ser privilégio, e sim rotina. Uma criança dorme bem quando come bem.

Pele corada – significa que o cardápio é variado, com consumo de alimentos fonte de ferro, ácido fólico, vitaminas A e B12. A falta desses nutrientes leva à anemia, deixando a criança pálida.

Funcionamento regular do intestino – revela a importância da ingestão de água e do consumo de fibras, presentes nas frutas, verduras, legumes e cereais integrais.

Boa imunidade – quem come bem, em quantidade e qualidade, cria anticorpos e mecanismos de defesa, e tem menos chances de adoecer.

Bom apetite – uma alimentação saudável e atrativa abre o apetite. Mas alguns fatores influenciam na recusa do alimento: idade, refeições anteriores e doenças. A anemia inibe o apetite, enquanto a deficiência de zinco bloqueia o paladar.

Cabelos e unhas saudáveis – indica que as células estão recebendo os nutrientes necessários para manter cada área do corpo saudável.

Dentes fortes e saudáveis – o cálcio, presente no leite, queijo e ovos, aliado à vitamina D (sintetizada pelo sol) são um dos responsáveis pela dentição saudável.

Crescimento adequado – a ingestão dos nutrientes essenciais, importantes para o desenvolvimento físico e mental, vem da alimentação variada e na medida certa.

Peso adequado – o consumo calórico diário, para manter o peso e o desenvolvimento, deve ser compatível com o gasto calórico, sendo suficiente para garantir a energia às atividades do dia a dia.

OP – Como os pais devem se portar mediante a obesidade infantil?

CK – Diversos trabalhos mostram que os pais tendem a subestimar o peso corporal de seus filhos. Os pais devem ficar atentos ao tamanho da criança desde o nascimento. Se os pais forem obesos, esse cuidado deve ser maior ainda, pois a obesidade pode ter origem genética e os riscos de uma criança crescer obesa podem variar de acordo com a incidência de sobrepeso na família.

OP – Como nutricionista quais as principais dicas aos pais referente a uma nutrição adequada para crianças?

CK – Está mais do que comprovado que educar a criança desde cedo a comer pouco e de maneira saudável é a chave para evitar que ela cresça gorda e tenha problemas de saúde no futuro. Seguem algumas dicas:

– Comida não é moeda de troca! Não pode haver negociação entre comida e brinquedo, passeio, festa e nem como recompensa, o que é muito comum.

– Fazer substituições progressivas, como biscoito recheado por um biscoito sem recheio, sorvetes industrializados por sorvete de frutas.

– Não ter em casa alimentos não saudáveis. Envolver as crianças na preparação das refeições. Pesquisas comprovam que pode-se dizer que uma criança não gosta de determinado alimento depois do mesmo ser apresentado 10 vezes em preparações diferentes, então, cabe aos pais usar a criatividade na variação destes alimentos, como por exemplo: cenoura cozida, ralada crua, purê, suflê, creme….

– Nada de televisão, tablet, videogame ou celular ligados durante as refeições, se a criança se alimenta vendo TV ou brincando com o celular, o cérebro não registra o que está sendo ingerido. E isso cabe também aos pais que possuem este hábito.

– Criança deve comer apenas o que ela suporta naturalmente, forçá-la a ‘limpar o prato’ e comer tudo o que colocou nele é um grande erro

– E por último: seja o exemplo. Não adianta você ir ao fast food com seu filho, chegar em casa e oferecer uma fruta.

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