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Heróis não morrem só de over dose!

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Essa era uma notícia, que nenhum órgão de imprensa ou veículo de comunicação gostaria de dar. A morte de Ricardo Boechat foi noticiada com profunda comoção por todos os seus companheiros de profissão. Particularmente me senti um pouco órfão, como milhares de ouvintes de seu programa de todas as manhãs.

Um jornalista inteligente sem ser intransigente. Isso faz de um profissional de comunicação um exemplo. Boechat não era um jornalista que se contentava apenas com a informação, mas procurava mostrar conhecimento da notícia. Com isso suas opiniões eram sempre muito bem fundamentadas pelo conteúdo irretocável.

Para quem não sabe, na década de 70 Boechat já despontava no jornalismo mostrando um talento que lhe proporcionou uma carreira meteórica e respeitada por todos. Com um texto limpo e leve conseguia passar com lisura os fatos, rasgando as fantasias das notícias maquiadas e expondo com clareza os acontecimentos.

Era um recordista de vitórias do Prêmio Comunique-se e o único a ganhar em três categorias diferentes: âncora de rádio, colunista e âncora de televisão. Em 2015, uma pesquisa realizada com executivos de comunicação corporativa de todo o país indicou que Boechat era o mais admirado jornalista brasileiro.

Fiz a ele uma homenagem dizendo que nem todos os “meus heróis morreram de over dose”, como disse Cazuza em sua melodia cantada pela minha geração. E incomodei algumas pessoas, que através de uma ignorância quase acadêmica me criticaram por chamá-lo de herói. Disse, um dos críticos, que heróis de verdade são bombeiros que atuaram na catástrofe de Brumadinho, Mariana e outras tragédias. Mas, não sei ou conheço “meios heróis”. Ou eles são ou não são. Não há um critério de classificação para atos heróicos e um deles, com toda a certeza é a coragem de dizer o que pensa, fundamentar sua opinião e colocá-la exposta às criticas desesperadas de políticos corruptos, homens poderosos e de propósitos estranhos.

Boechat era assim, uma “over dose” de sabedoria e visão do Brasil, como ele é. Um herói de verdade naquilo que mais sabia fazer: informar!

Chegaram a criticá-lo por ser ateu sem lhe respeitar a escolha. Mas não perceberam a figura humana que Boechat era, comovente e responsável pelo que sempre fez com muita competência. Ele era o guerreiro com palavras. Um guardião da boa informação.

Perde o mundo da notícia, perdemos todos os profissionais da comunicação, perdem seus críticos e adversários, perde um país, que prefere chamar de “heróis” um bando de vagabundos confinados num ambiente de luxo e abundância de banalidades numa apologia ao ócio e à sacanagem disfarçada de programa de TV.

Vai com Deus, Boechat! Seja ele como o concebe. Vai com Deus, porque é a Ele que confiamos o seu descanso.

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