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Escolhas perigosas!

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Ficou claro: quando o governo quer, o governo faz. Esta é a principal leitura feita desde o início da tarde da última segunda-feira, 31/05, quando o governo federal anunciou que a Copa América será realizada no Brasil. A agilidade com que respondeu à Conmebol, entidade que realiza a competição, não foi a mesma dada à Pfizer e ao Butantan, que ofereceram vacinas e tiveram do governo um ruidoso silêncio.

Nada contra a competição, no entanto, os argumentos para o Brasil não recebê-la são tão contundentes quanto os apresentados pela Argentina e Colômbia, que procurados antes desistiram de sediar a Copa América pelos riscos que envolvem esse torneio. Por aqui não é diferente, e segundo especialistas uma terceira onda da Covid-19 – dizem, ainda mais letal – deve se configurar no fim da primeira quinzena de junho.

Influenciado por um período (pré) pré-eleitoral, em função do desaquecimento econômico, desemprego e avanço da pandemia, o governo tem tomado decisões perigosas. O discurso liberal vem sendo trocado por um populista, que impacte a massa ou, no mínimo, mantenha coesa a base do governo.

Nesse contexto o conhecido e velho discurso do pão e circo é usado. Entreter o povo, desviar o foco do que realmente interessa. Para isso as estratégias são variadas, e vão desde um rolê de moto com apoiadores à realização da Copa América, e até mesmo contribuir para que a oposição vá pra rua se aglomerando e esvaziando a narrativa do cuide-se, fique em casa.

Quanto mais falam do “personagem” Bolsonaro, menos falam das ações, ou falta delas, do seu governo.

Nesse terreno, coisas estranhas ocorrem e estão ficando sem respostas ou elas demoram a vir. Esse é o caso do general Eduardo Pazuello, que até hoje não foi punido pelo Comando do Exército por participar de ato político. Como militar da ativa isso é vedado a ele.

Essa é mais uma saia justa em que as Forças Armadas se metem. Elas são forças de Estado, não de governo. Quanto mais tempo se demora em dar uma punição a Pazuello, definida em regimento contribui-se para dar a sensação de que as Forças servem ao Governo.

Apesar de não concordar com o que está aí, não sou daqueles que torcem para o “quanto pior melhor”. Muito pelo contrário, gostaria de vir aqui escrever e descrever cenários diferentes, mas a cada dia é um novo susto.

Se as coisas estão estranhas agora, tente imaginar 2022. O que virará esse país. Resquícios e sequelas da pandemia e uma eleição polarizada, dividindo o país já tanto dolorido por um período tão difícil.

Se você se posiciona, mesmo com sobriedade e elegância, é atacado seja por A ou B. Se você se cala, se omite passando recibo de conivente. Vai ser difícil defender candidato.

Num ambiente como esse a eleição 2022 não será, como já defendem observadores mais atentos, a eleição das propostas. Mas sim, a eleição da rejeição. Até lá quem tiver ela menor, leva.

O que de fato é muito ruim. Já que o que tem potencial de mudar são exatamente as propostas. Na falta delas, vai ser muita gritaria.

RODRIGO DIAS é jornalista e web poeta, há mais de duas décadas trabalha no mercado de comunicação. Formado em Publicidade e Propaganda, também atua como assessor de comunicação.
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