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Em tempos de pandemia, isolados estamos, todos, em diferentes níveis!

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Em tempos de pandemia, donde um sem fim de incertezas povoam o cotidiano dessas gentes afligidas, o embate entre Bolsonaro e Mandetta inflama as interrogações sobre qual seria a forma mais adequada de combater a epidemia do coronavírus (covid-19).

O agora ex-ministro da saúde defende o isolamento horizontal, mantendo o maior número possível de pessoas em suas residências. Já o presidente argumenta a ideia do distanciamento vertical, que implica caucionar tão somente os que integram os grupos de risco: idosos, diabéticos e hipertensos, isolados.

Em tese, quais seriam as benesses e os malefícios de cada estratégia?

Indubitavelmente, o isolamento horizontal potencializa a contenção da epidemia; a quarentena de uma parcela substancial da população, gera dificuldades para a transmissão viral. Experiências vivenciadas noutras nações, relativas ao enfrentamento da pandemia, demonstram a eficácia desse “modus operandi”, frente à um inimigo poderoso que se propaga rapidamente, e superlota os limitados sistemas de saúde.

A desvantagem do isolamento horizontal, especialmente se delongado, é seu considerável efeito negativo na economia. Essa observância está para além de aceitar que vidas sejam perdidas para que empresas não tenha seu lucros reduzidos ou decretem falências, não é um raciocínio simplista.

Uma economia desorganizada e em recessão, acarreta dissabores a todas as classes, sobretudo aos menos abastados; a estagnação econômica implica em acentuação do desemprego – aqui na terra do sapato assistimos atônitos, as demissões em massa, como nunca vistas, na indústria calçadista – e da miséria, que dantes já assolavam tantas famílias; a retração do PIB acarreta também queda na arrecadação de tributos, implicando em menos recursos para o fragilizado sistema de saúde.

O isolamento vertical é, certamente, menos promissor, quando pensamos em frear a epidemia, uma vez que é mais fácil isolar uma família inteira, do que apenas um membro desta, pertencente ao grupo de risco. Porém, de modo geral, a economia continuaria organizada e em pleno funcionamento, otimizando emprego e renda.

Nos vemos numa atípica e preocupante conjuntura: necessitados de cuidarmos das demandas urgentes, visando o “achatamento da curva” e a minimização de acometidos pelo vírus, mas atordoados com os reflexos econômicos da pandemia.

Caso as ações atuais surtam o efeito almejado, podemos, com o devido acompanhamento e estudo das autoridades de saúde, migrar do isolamento horizontal para o vertical, sendo que para tanto, todas as ações terão o objetivo primordial de salvar vidas.

Lembremo-nos que recessões também causam mortandade. Ademais, há uma questão prática: quanto tempo o brasileiro médio consegue suportar o isolamento horizontal? Os profissionais autônomos – indivíduos que exercem suas atividades sem quaisquer vínculos empregatícios – teriam capacidade de arcar com as penúrias de um isolamento horizontal alongado, apenas se possuíssem uma poupança elevada, o que não é caso da maioria, especialmente os de baixa renda.

Mesmo aqueles com contrato de trabalho vigente estão receosos da empregadora falir e perderem suas fontes de renda. Além, obviamente, da desesperança de milhões, que se amontoam nas intermináveis filas bancárias, à cata de um minguado repasse do governo federal.

Certo é, que isolados estamos, todos, em diferentes níveis, atordoados pela mais grave crise sanitária por nós vivenciada, e os desafios a serem transpostos são inúmeros; que tenhamos a serenidade necessária para darmos nossa contribuição, cada um a seu modo, nessa desafiadora empreitada.

Abençoada semana, Graça e Paz

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