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Direito do consumidor

CPI descobre que água com cal é entregue pela Copasa

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Vereadores chegam a registrar ocorrência devido ao fato da empresa não querer fornecer copia dos documentos de compra e transporte da Cal que é utilizado no tratamento da água em Nova Serrana

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) se aprofundam e cada vez a situação da prestação de serviços da empresa se torna mais preocupante.

Após uma visita na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) os vereadores de Nova Serrana, fizeram uma descoberta que preocupou aos legisladores quanto a qualidade da água que tem sido entregue a população, e isso pela inserção de cal na água que é entregue a população.

A descoberta se deu após uma visita técnica feita na última terça-feira, dia 19 de junho, quando com auxílio de um engenheiro e ativista, os vereadores averiguaram de perto as condições e até mesmo crimes ambientais que a empresa tem cometido em Nova Serrana.

Água com Cal

Durante a visita até a ETE os vereadores encontraram um quarto com aproximadamente 5 mil quilos de Cal, segundo denunciado na tribuna da Câmara Municipal de Nova Serrana.

Durante a visita um técnico da empresa afirmou aos vereadores que o uso da Cal é uma prática comum desde que seja feito com dosagens cuidadosamente calculadas, e que posteriormente encaminharia aos vereadores os laudos referente a aplicação do produto.

Contudo o que preocupou os legisladores foram os discursos inconsistentes, de acordo com Willian Barcelos (PTB), os funcionários da empresa trouxeram informações divergentes o que indica que algo está sendo encoberto. “Quando questionamos em primeiro momento, um funcionário afirmou que a Cal estava ali a mais de um ano e que era utilizada na obra, posteriormente outro funcionário afirmou que a Cal tinha chegado a apenas um semana, solicitamos as notas de comprovação, e prometeram entregar na manhã desta quarta-feira, inclusive neste momento está sendo realizada uma ocorrência por parte do vereador Adair da Impacto (Avante), porque os funcionários da empresa apresentaram o documento mas não querem dar uma cópia nem tão somente permitir que o documento seja fotografado”. Disse Willian.

O vereador também ponderou que os funcionários tem a obrigatoriedade de darem a documentação solicitada, pois a CPI tem poder de polícia. “Foi explicado e eles não querem entender que a CPI tem preferência em qualquer auditoria, a CPI tem poder de polícia, então temos que receber a documentação, sendo assim, se tem algo para esconder, chamamos a polícia, registramos uma ocorrência e assim vamos receber a documentação e instaurar um processo como é devido na lei”, ponderou Willian Barcelos.

A cal é aplicada na água que vai para a população

Conforme fiscalizado a Cal não é aplicada quanto ao tratamento do esgoto, e sim na Estação de Tratamento de Água (ETA), na água que é levada para as casas, como explicou o tribuno Rafael Costa Espeschit, ativista da cidade de Curvelo que acompanha e auxilia nas investigações da CPI em Nova Serrana.

Segundo Rafael esse processo é praticado em outras cidades. “Estivemos na ETE e tivemos a conclusão que a situação é degradante. Na ETA chegamos à conclusão é que a Copasa está trazendo problemas a saúde que é incalculável. Encontramos em um quarto, em torno de uns 5 mil quilos de cal que é aplicado na água que nós bebemos. A Copasa tentou se desvencilhar da comissão, fomos firmes com a Copasa e ainda assim ela tentou se desvencilhar, realizamos uma série de questionamentos onde ela utiliza a cal e não se manifestou de forma adequada, tiramos a cal de dentro do cano, ele é corrosivo é danoso”, afirmou o ativista.

O tribuno reforçou que a situação também foi vivenciada em Curvelo e que é inadmissível que o quadro seja vivenciado pela população. “Tivemos a CPI em Curvelo, e a situação é a mesma, em todos os lugares a situação é igual, porque já é usual da operadora. É inadmissível que a água que as pessoas utilizam para beber sejam tratadas com a Cal, ele é danoso à saúde. Temos que abrir os olhos e unir os poderes, e assim cobrar da Copasa uma posição imediata e drásticas, hoje passamos o dia ouvindo histórias para a empresa tentar se desvencilhar das investigações”. Finalizou o tribuno.

Posicionamento no site da empresa

Efetivamente a Cal é utilizada pela Copasa para equilibrar a acidez da água que é entregue a população isso porque a Cal equilibra o PH da água que coroe a tubulação que leva a água as residências.

Segundo postado no site da empresa no tratamento da água “O primeiro passo é oxidar os metais presentes na água, principalmente o ferro e o manganês, que normalmente se apresentam dissolvidos na água bruta. Para isso, injeta-se cloro ou produto similar, pois tornam os metais insolúveis na água, permitindo, assim, a sua remoção nas outras etapas de tratamento. A remoção das partículas de sujeira se inicia no tanque de mistura rápida com a dosagem de sulfato de alumínio ou cloreto férrico. Estes coagulantes têm o poder de aglomerar a sujeira, formando flocos. Para otimizar o processo adiciona-se cal, o que mantém o pH da água no nível adequado”. Explica o site da Copasa.

Explicação semelhante é encontrada no site da SAAE de Barretos (SAAEB), que explica o processo da desinfecção da água. “A desinfecção pode ser considerada a última etapa da “limpeza” da água e tem por finalidade eliminar os microorganismos patogênicos presentes na água. O cloro e alguns de seus derivados, tais como os hipocloritos são os compostos químicos mais empregados na desinfecção. O cloro é aplicado por meio de dosadores próprios denominados cloradores. O pH é muito importante na desinfecção. Com pH < 6 temos maior poder de desinfecção e acima deste valor de pH a eficiência tende a diminuir. Uma água ácida corrói as tubulações diminuindo o seu tempo de vida útil. Assim sendo, é necessário que se corrija o pH mediante a adição de um alcalinizante, sendo a mais empregada a Cal. Deve ser cuidadosamente dosada uma vez que adicionada em excesso pode ocasionar o problema inverso, denominado incrustação”, pontua o site da SAAEB

Vereadores aguardam relatórios

Os Vereadores da CPI aguardam os relatórios que serão encaminhados pela empresa para que seja comprovado que a água entregue a população de Nova Serrana tem concentrações e dosadas dentro do padrão aceitável como seguro para consumo.

Durante a reunião diversos legisladores se manifestaram sobre o assunto, Valdir das festas Juninas (PCdoB) chegou a afirmar que um estudo amplo deve ser feito devido a problemas de saúde que podem estar sendo causados pela qualidade da água. “Precisamos de avaliar esse processo de forma criteriosa até porque o índice de doenças como o câncer está crescendo em nossa cidade e precisamos averiguar essa situação pois acreditamos que a água pode ser um dos agravantes para que isso aconteça”, afirmou o vereador.

Já Adair da Impacto, presidente da CPI afirmou que a situação é caso de saúde pública. “É um caso de saúde púbica, a questão do caminhão de cal que esta ali para a sociedade ingerir através da água, temos várias pessoas ai com hérnia no estomago, e a Cal as coloca em risco, pois pode corroer o estomago”, disse Adair

Finalizando o vereador Valdir Mecânico (PCdoB), reforçou que a situação vivenciada na cidade é absurda. “O que vimos hoje é um absurdo, o que percebemos na ETE, a quantidade de esgoto que é lançada no rio no horário de pico é absurdo. Essa CPI está lutando para que possamos vivenciar uma melhor qualidade de vida para o cidadão de Nova Serrana e para nossas futuras gerações, e se não nos posicionarmos e pensarmos no futuro o que será do futuro de nossos filhos, netos, das gerações que ainda virão”, finalizou o vereador.

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