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A sétima arte e a vida real

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Confesso-me um apreciador da sétima arte, embora não seja propriamente um cinéfilo, mas contemplo, como a maioria dos viventes, as “estórias” contadas na telona.

Em tempos de isolamento, o costumeiro desassossego da Capital Nacional do Calçado Esportivo, dá lugar à calmaria, e os dias, antes curtos demais, oferecem-se alongados, propiciando-nos o deliciar com o que é do nosso agrado. Assim, me dou a oportunidade de saborear, via Netflix, pela comodidade variedade de títulos, algumas produções cinematográficas.

Certamente estamos mais suscetíveis à emoções, é verdade, mas este momento de sentimentos aflorados, que vivemos em tempos epidêmicos, não decresce o impacto causado filme que ocupa as primeiras fileiras: “Milagre na cela 7, cuja narrativa discorre sobre a apaixonante relação entre pai, portador de deficiência cognitiva, e filha, que o ama incondicionalmente. Mostra-nos ainda como as pessoas benevolentes podem modificar tantos à sua volta, pela força do amor, pela autenticidade ingênua e também pela audácia de ter coragem e perseverança em acreditar até ao fim.

Com sensibilidade, a produção turca, remake de um longa sul-coreano lançado em 2013 e também sucesso de bilheteria, desperta nos espectadores, reflexões sobre culpas, pecados e remissões.

Quando pensamos em um milagre, é comum envolvermos o ar sobrenatural, quase divino, que envolve a expressão; milagres são tidos como inatingíveis; ao captar toda a sensibilidade que envolve um raro ato de bondade vindo donde menos esperamos, o enredo configura a ação transformadora impulsionada pela compaixão.

Mesmo envolvendo um acidente trágico, o longa não perde a leveza, até em seus momentos mais dramáticos.

Arrebatados pela singeleza do protagonista, todos na cela 7 e os intendentes pela carceragem acabam envolvidos com a história, e buscam auxiliar sua filha a provar sua insuspeição. Inocente, a visão da garota humaniza os companheiros de Memo e corrobora na reconstrução do núcleo, mesmo daqueles que cometeram graves pecados.

Aos imaculados olhos da pequena, todos são enfermos em busca de recuperação.

Além da leveza trazida pela história entre pai e filha buscando reencontrarem-se, o filme utiliza aspectos religiosos, visando uma reavaliação sobre a culpa que alguns dos apenados portam, e a possibilidade do perdão pós morte.


Dialogam acerca dos pecados que cometeram, e se os mesmos, seriam passíveis de correção, não importando por quais meios eles decidam buscar um alívio.

Um longa emocionante, do princípio ao fim; não são apenas os presos que se sensibilizam, também assim nos percebemos, com a história de Memo. A câmera frisa cada rosto: a dureza rompida pela bondade, a mágoa transformada em cura.

E vamos às lágrimas, sim, comovidos, mas também aliviados. Em tempos difíceis, uma obra que fala com sensibilidade, sobre a capacidade transformadora do amor.

Afligidos pela crise__sanitária e econômica__ e endurecidos pela passionalidade que leva à rompimentos, é salutar que oportunamente descansemos nossas inquietudes, e para tanto, a fantasia é uma importante aliada, como o vislumbrando nessa obra, que busca resgatar o que cada um tem de imensurável: o sorriso e o olhar.
LINGO, LINGO… Şişeler”…..que a vida imite a arte….

Abençoado final de semana à você e seus amados
Graça e Paz

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