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Vale de nada um vale de lama!

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Baseado em fatos reais estamos participando de um “circo de horrores” já no início de 2019.

Parece um filme de ficção, que impressiona e nos tira o sono. Não bastasse a tragédia de Mariana, Brumadinho parece reeditar questões que deveriam fazer parte de um passado recente e agora estranhamento revivido.

Nas redes sociais, assim como em todos os lugares, o assunto parece renascer sem muitas surpresas, como algo já esperado pela população. Das aberrações provocadas pelo descaso de empresas mineradoras ao silêncio covarde do poder público, que encontra na indiferença, justificativas para culpar a tudo e a todos.

O fato é, que mentiras se tornam verdades enquanto a sociedade espera por respostas e atitudes. O que o Ministério Público de Minas fez para resolver os problemas causados pela Samarco em Mariana? O que a população daquela cidade recebeu além de explicações fundamentadas em leis, que sempre protegem o agressor? O que aconteceu com o dinheiro das indenizações que não chegaram aos seus destinos?

Sabe-se, por ouvir dizer, que a multa foi paga e recheou os cofres públicos, mas quem perdeu a história de sua vida num lamaçal de podridão ainda espera por justiça.

Brumadinho deve relembrar nossas consciências de que estamos sujeitos a uma corja de alguns políticos, que ora pertencem ao passado, mas suas omissões deixaram rastros tão destruidores quanto a lama que destruiu vidas e a natureza.

Entre tudo que li e assisti nos noticiários não encontrei nada que explique as facilidades que as mineradoras encontram para conseguir licenças ambientais, nada que justifique obras de barragens defasadas e tecnicamente perigosas ou desaprovadas em todo o mundo e só permitidas aqui, no Brasil.

No choro de um pai, de um filho, um parente ou apenas um espectador está a dor que vai além da perda do ente querido. Nas lágrimas transbordam a indignação sempre acompanhada de um “por que?” Não há palavras, não há gestos, não há consolo para quem fica à espera de respostas.

No mesmo lugar outras lágrimas são intensamente derramadas por pessoas realmente comovidas, que são os Bombeiros Militares e ajudantes de um trabalho doloroso que precisa ser feito. Conversando com um destes profissionais ele disse: “Não procuramos dezenas ou centenas de sobreviventes. Procuramos os cadáveres que não foram encontrados enquanto a mídia e as autoridades falam de esperança. Esperança de que?”

Aqui vale lembrar uma coisa importante. Enquanto as autoridades fazem malabarismos com as leis e os recursos jurídicos, instituições como os Bombeiros Militares de Minas Gerais buscaram conhecimento, treinaram mais profissionais e aprimoraram suas técnicas para serem mais eficientes.

Ao contrário, o Ministério Público juntou papelada com centenas de páginas para driblar o direito moral e legal de indenizações que se arrastam por anos a fio. Outra coisa impressionante é o que chamam de “turismo de catástrofe” feito por algumas pessoas que se aglomeram no local da tragédia querendo apenas ver os corpos destroçados para alimentar uma vergonhosa rede da desgraça alheia.

Ao ver os cães farejadores se atolarem na lama a procura de corpos com ou sem vida descobri, que quando mais vejo as ações do poder público, mais admiro os cachorros. Hoje a região de Brumadinho com suas belezas naturais está como Mariana: um vale de lágrimas, um vale de lama, que não vale mais nada além de sofrimento. Temos muito o que aprender e que seja agora!

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